Resumo: Reiteradamente ao longo de sua obra Heidegger referiu-se ao opúsculo Sobre a essência da verdade, cuja primeira elaboração data de 1930. Chega a dizer, em entrevista ao L’Express (1969), ser esse trabalho a “dobradiça” entre Heidegger I e Heidegger II, inseparáveis um do outro. A questão da História é nele abordada na sua relação com a verdade do ser, mais exatamente, com a idéia de que a continuidade dos eventos que concerne a essa verdade está ontologicamente ligada a uma recusa original do ser a uma inteligibilidade plena ou definitiva. Dessa recusa original decorre a liberdade e, simultaneamente, a possibilidade do erro, a errância; decorre, igualmente, a possibilidade de completo desnorteamento. Tomando essas teses como ponto de partida é possível afastar da concepção heideggeriana de história quaisquer traços de processualismo ou teleologia, e sobretudo reconciliá-la com uma idéia simultaneamente geral e “concreta” de alteridade. É o que aqui se pretende.