Em 1979, Jean-François Lyotard publica La Condition Postmoderne, no qual apresenta o problema da legitimação do conhecimento na cultura contemporânea. Para Lyotard, “o pós-moderno, enquanto condição da cultura nesta era [pós-industrial], caracteriza-se exatamente pela incredulidade perante o metadiscurso filosófico-metafísico, com suas pretensões atemporais e universalizantes”. Por outro lado, Habermas prefere compreender a modernidade como um “projeto inacabado”, sugerindo que “deveríamos aprender com os desacertos que acompanham o projeto”. Será que “dizer que somos pós-modernos dá um pouco a impressão de que deixamos de ser contemporâneos de nós mesmos”? Mas se ainda reivindicarmos nossa “condição moderna”, como tratar de todas as mudanças que marcam a cultura contemporânea, e que a tornaram tão estranha a certas noções fundamentais à modernidade?
O que pretendo, aqui, é investigar brevemente a aplicação do conceito de “pós-modernidade” à cultura contemporânea e as possíveis “razões” dessa aplicação. Articula-se, logo de início, uma problemática: se a pós-modernidade, como o próprio termo sugere, caracteriza-se em primeira instância como uma reação (ou rejeição) à modernidade, seria ela o triunfo do irracionalismo, ou a pós-modernidade pressupõe, em última análise, algum conceito de “razão”, para além de seu relativismo epistêmico mais superficial? Caso a resposta seja positiva, quais são “As ‘razões’ da pós-modernidade”?